Sobre
as asas de borboleta.
Dedos para além de calda para muito mais além das cordas...
num piano suspenso em mãos
(recordas?)
Pois recobra-me a imagem perecível ao tempo que tenho a impressão de párar ao ter visto a sombra do tocar.
Horas inesperadas e ofegantes distantes do objetivo mergulham nos estimulantes metatarsos, metacarpos de prazer sumindo sobre notas irreconhecíveis.
Água aos olhos...
mar(r)emoto
à face bruta e sêca com sorriso alvo e calmo.
Aconchego de amor profundo e triunfante de um espírito musical novo e vibrante que afrouxa e arrebenta e comprime e dilata...
a partir de um estrangeiro de enormes crinas e rosto rude com ironia saborosa... generosidade e desdém... rápida ou lentamente quente e frio...
Tudo eu vivi intensamente alegre e surpreendente mente triste.
Só
a imagem
em sombrio e desconcertado-desconsertado assento-acento (ou vice-verso)
num piano, cujas mãos dançam dialogando entre o destro e o canhoto com a incrível precisão de equilíbrio entre o leve e o pesar.
Brotam-me
agora
espasmos de agressiva criatividade.
Sou mais que especta(dor).
(por Natássia Garcia)
Escrito em Abril de 2006.
Ilustração: Mãos ao piano, um estudo de 1942, Archimedes Dutra
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