14.9.08

Uma poesia de quem não sabe II



Silêncio.
Se
partires
fiques
apenas com um pedaço
ao menos.

Porque seu toque foi... impressionante
Preciso.

Em que lugar está a sensação de que o desejo não pode ser?

Eu não sei...
Um infinito...
Mar aberto...
Olhos ardentes - marejados
sorriso largo
dedos fincados na transparência da água salina.

Esta manhã tem gosto de orvalho e de sol.
Azedo verde-limão.
Amarga casca de romã.
Pés descalços em lugar nenhum.

A liberdade está
em permitir que nada está escrito
na palavra que não acerta o que se quer dizer
no sonho macio
arranhado da garganta
cortante melodia.

Nos descaminhos desses dias me surpreendi
lembrando do gosto da sua pele...
um imprevisto meigo e tenro.
Arriscado e tão envolvente quanto seu sorriso.
Em um turbilhão de falta de respostas
certamente não mentiria a mim mesma
a possibilidade de experimentar o gozo de um momento feliz.

À flor da pele
No infinitivo do descaminhar
carinho e prazer são partes de um tempo alegre
com um pouco mais de música
e afeto
e a lembrança de um afago da noite.

Você poderia ter sido quem não era,
entretanto,
meu olhar tão errado
confirmou a beleza que você se tornou.
Por mais ou menos que não se queira
Quisemos.
E o presente
passado
agora
já é
o bastante.

Vou
apoiar
minhas
mãos sobre o seu peito
suspirar
o perfume dos seus cabelos
e
vou-me
embora com o ar de quem nunca ficou.

nunca ficou!

(por Natássia Garcia)
Escrito em 2005
Fotografia de Raphael Bubeck Carvalho

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