5.4.13


La Mariposa sem ilusões

 (Por Natássia Garcia, Escrita em julho de 2013)

I

 

No lugar do frio

A chama ascendente ao sorriso!

Nem o sol apontara ainda,

Mas a alegria compunha nela uma fornalha acesa.

 

Da janela

Olhara com curiosidade os olhos maduros profundos

E observara esquiva os nãos que vêm junto ao desejo.

Subjacente à película alva, uma fome de experiência espiritual.

Ele, o desconhecido de antes, nem sequer sabia pronunciar o nome dela.

Para ela, então, o homem era um homem, um momento presente e só.

Não poderia suportar a possibilidade de um futuro que não saberia...

Brev(idade) – o tempo foi superado pelo acontecimento o qual ela não resistira.

 

II

 

Leve leve leve

Prazer de tal dança.

Meu corpo em dois na tua presença

Teu corpo em mim como uma benção.

No receio de ser sagrada,

Com anseio de ser profana,

Enrolei-me em teus dedos,

Mergulhei em tua cama.

E depois nem sei quem sou na medida do amor.

 

 

Pois a pele da pelve não impede,

Impele,

Pêssego em meio às pernas

Abrindo doce e úmida flor para atravessar o deserto

Bebo tua saliva pelo tocar das línguas

Quando tu me invades, quando tu dá-me teus beijos

Vejo minh’alma dançando como peixes n’água

Espiralada

Sinto o cheiro do tempo impregnando minhas narinas quando tu ainda não foste.

 

Gosto de ti na minha boca,

nas minhas roupas,

No meu corpo todo –

Um sopro de respiração quente,

Um hálito do teu som rouco,

Um tom de teus humores irônicos,

Quero-te.

 

 

– Silhueta de Vênus, grande, grande mesmo! Eu escuto.

– Largas ancas, grossas coxas e alma. Eu retruco.

Calma! Eu reluto.

 

Intermitente

Lembrança das sardas, da nuca, dos cabelos macios brancos, da barba arisca, dos lábios quentes em meu ventre, do tronco nu do anjo brando penetrante.

 

Penitente

– Como estou? perguntei

– Vulnerável, respondi.

 

Agora o orgasmo reverbera como seu nome ecoa

                                                                               estou aqui

                                                                                                aqui

                                                                                                        ai

 

III

 

As pálpebras cerraram,

Os cílios tocaram meus sonhos com a leveza de asas de mariposa.

Órgãos leves

Leve leve leve

Assim me senti depois de levá-lo para lá quando dormi no teu peito depois de arder...

 

Se só, não sei.

De minha parte, inteireza.

Transpassaram as pernas e os braços nos lençóis com leveza.

E o tempo passou e passa e com ele os laços como ficam?

 

Amigo amante querido,

Tomo a liberdade de levar teu cheiro comigo.

Sem ilusões.

 
Foto: Natássia Garcia

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